Fanny Owen: o argumento como estrutura de ligação entre a literatura e o cinema
Tipo
Mestrado
Autor(es)
Rita de Brito Benis
Instituição
Universidade de Lisboa
Ano
2008
Resumo
A presente dissertação procede à análise do processo de adaptação a que foi sujeito o romance Fanny Owen (1979), de Agustina Bessa-Luís, transposto para o cinema por Manoel de Oliveira no seu filme Francisca (1981). Nesse âmbito é elaborado um conjunto de reflexões sobre o papel do argumento como estrutura de ligação entre a literatura e o cinema. O estatuto da adaptação implica necessariamente uma recriação das formas e significados do texto-fonte, conduzindo a uma transposição interpretativa e parcial que ora o ensombra ou o ilumina, ora o condensa ou o amplifica. Numa primeira parte, através do estudo da adaptação referida, procurou-se indagar o complexo e dinâmico processo de diálogo entre a imagem e a escrita e, sobretudo, analisar essa estrutura híbrida de passagem que é o argumento. Numa segunda parte, com base nos elementos do corpus de trabalho (livro, argumento e filme) foram analisadas as diferenças e as semelhanças encontradas entre os elementos observados: passagem do livro ao argumento e passagem do argumento ao filme. Procedeu-se a uma leitura das implicações que os pontos de vista dos dois autores tiveram na estruturação das obras convocadas, assim como na concretização da história. Ao adaptar, Manoel de Oliveira distanciou-se da perspectiva de Agustina Bessa-Luís, trazendo uma interpretação pessoal para a sua versão da história. Factores como a caracterização das personagens, a voz do narrador, e o tempo revelaram-se determinantes no esclarecimento da diferença de sentido das duas obras. A terceira e última parte vem considerar algumas das ideias reflectidas nos pontos de vista dos dois autores, situando as suas interpretações num conjunto de reinterpretações que conduziram a história em sentidos diferentes.
Abstract
This thesis analyses the adaptation process of Agustina Bessa-Luís` novel, Fanny Owen (1979), which was transposed into Manoel de Oliveira`s film Francisca (1981). In this context a series of reflections are made regarding the role of the script as a structural link between literature and cinema. The status of an adaptation inevitably implies a recreation of forms and meanings of the original text, leading to an interpretative and partial transposition that often overshadows or uncovers the text, sometimes condensing it, other times amplifying it. The first part of this work observes the complex and dynamic exchanges between image and text, mainly regarding the hybrid structure represented in the script. The second half analyses the differences and similarities between the elements observed in the corpus: book, script and film. Subsequent to this analysis there`s a reading of the implications that the two points of view had on the development of the works studied. In Manoel de Oliveira`s adaptation, there is a detachment from Agustina Bessa-Luís`perspective, due to the fact that he brings his own personal view to his version of the story. Factors such as character definition, narrative voice and time reveal their importance in understanding the difference of sense in the two works. The third and final part regards some of the ideas reflected in the two authors` points of view, which includes placing their interpretations in a set of reinterpretations that lead the story in different ways.
Palavras-chave 1
Agustina Bessa Luís, Manuel de Oliveira
Palavras-chave 2
Argumento
Palavras-chave 3
cinema e literatura.
Keywords 1
Agustina Bessa Luís, Manuel de Oliveira
Keywords 2
Script
Keywords 3
Cinema and literature.
Publicação
[Lisboa : s.n.], 2008
Observações
Dissertação orientada pelo Professor Doutor Fernando Guerreiro.