Abrir a história : a imagem de arquivo e o movimento desacelarado : um estudo teórico-prático a partir dos filmes Natureza Morta e 48
Tipo
Doutoramento
Autor(es)
Susana de Sousa Dias
Instituição
Universidade de Lisboa
Orientador
Sílvia Lami Tavares Chicó
Ano
2014
Resumo
O panorama é conhecido: o advento do vídeo e posteriormente das tecnologias digitais veio alterar drasticamente formas de produção, métodos de trabalho e parâmetros de apreensão da imagem em movimento.Neste contexto, interessa-me particularmente o surgimento de um novo territórioonde a imagem em movimento pode tender para a imobilidade e a imagem fixa pode adquirir movimento, criando uma ambiguidade que toca por vezes o indecidível. Se o problema da relação entre estes dois tipos de imagem nunca deixou de estar na ordemdo dia desde a invenção do cinema, ele adquire agora uma outra feição, possibilitada pela emergência dos meios digitais. Quais as implicações desta ambiguidade e de que forma elas se reflectem na maneira como a imagem de arquivo se dá a ver e a ler? O que muda, nesta passagem do fixo ao animado e vice-versa? O que se transfigura nesta passagem impregnada de duração? Esta constitui a problemática central deste trabalho.Tomando como ponto de partida a hipótese da existência de um território que incorpora uma outra forma de operar sobre as imagens através da desaceleração da velocidade, procura-se rastrear as suas implicações sobre a imagem de arquivo, assim como questionar aquilo que é convencionalmente percepcionado como documentário histórico. Procura-se entender de que maneira este método de operação sobre as imagens traz implicações estéticas e epistemológicas em relação à utilização da linguagem cinematográfica e ao conhecimento da imagem como fonte histórica.Mas esta dissertação, de cariz teórico-prático, tem igualmente por finalidade evidenciar os processos de articulação entre prática e teoria no processo criativo. O corpus central é assim constituído por dois filmes que colocam em prática as problemáticas referidas, Natureza Morta e 48, o último constituindo a vertente prática deste trabalho. Trata-se de evidenciar a articulação de teoria e praxis, elucidando não só os mecanismos de construção dos filmes na sua interligação com as problemáticas teóricas, mas também os métodos utilizados na resolução de problemas de foro estritamente cinematográfico.
Abstract
The panorama is well known : the advent of video and later digital technology has dramatically altered the traditional forms of production, working methods and the parameters for seizure of the moving image.Within this context, I am particularly interested in the emergence of a new territory in which the moving image may tend to immobility and the still image can acquire motion, creating an ambiguity that sometimes touches on the undecidable.Whereas the problem of the relationship between these two image types has never ceased being one of the core aspects of the debate ongoing ever since the invention of cinema, this now takes on another dimension due to the emergence of digital media.What are the implications of this ambiguity and how are they reflected in the way the archive images are seen and read? What are the changes arising out of this passage from the still image to the moving image and vice versa? What is transformed in this passage impregnated by duration? These represent the central issues to this thesis.Taking as its starting point the assumption of a territory that incorporates another way of operating images by slowing down their speeds, I endeavour to trace the implications for the archive image as well as questioning that conventionally perceived as a historical documentary. I thus seek to understand in just which ways this method of operating on images provokes aesthetic and epistemological implications regarding the usage of film language and knowledge about images as a historical source.However, this thesis, both theoretical and practical, also seeks to highlight the processes between practice and theory within the creative framework. The central corpus therefore consists of two films that put into practice the problems raised above: Still Life and 48, the latter constituting the practical section of this work. The aim is to demonstrate the linkage between theory and praxis, not only through elucidating the mechanisms behind the construction of films and their interconnections with theoretical issues but also the methods deployed to resolve problems of a strictly cinematic nature.
Publicação
DIAS, Susana de Sousa (2014). Abrir a história : a imagem de arquivo e o movimento desacelarado : um estudo teórico-prático a partir dos filmes Natureza Morta e 48. Tese de Doutoramento. Lisboa: Universidade de Lisboa.